Festa em louvor a São Benedito de Cunani. Dia de levantamento do Mastro
Cunani tem uma história a parte na construção do território nacional, em 1894 nessa mesma região se chamou Republica de Cunani, onde abrigou um sonho de um chamado Jules Gros , que tinha na figura de um negro Trajano o representante legal do governo francês, contudo, ainda existem as marcas desse tempo, seja nas casas ou igreja e vez por outra ainda se encontra nos quintais moedas, cerâmicas e outros artefatos testemunho desse tempo.
Existe em cunani, hoje comunidade quilombola que divide o espaço com uma reserva, pois estão sobrepostas na parte sul do Parque Nacional do Cabo Orange e o MPF deu recentemente ganho de causa para a comunidade desmarcar a área de quilombo. Nesse senário acontece uma manifestação que representa a resistência desse povo, a festividade de São Benedito é comemorada, segundo os foliões duzentos anos de tradição, momento em que o sagrado e o profano fecunda a fé. O levantamento do mastro. Um dia em que as famílias reúnem seus descendentes pagadores de promessas, quando vão chegando de longe anunciam com fogos respondidos e em cada casa os abraços, almoço a mesa representa o respeito.Quando o sino da igreja toca, cada família saem em rumo a igreja, fogos, abraços, bebidas e em cortejo seguem por um caminho que corta a vila, direção a mata para a derrubada do mastro.
Na chegada e identificação da árvore é realizada um ritual, chega o que eles chamam juiz do mastro que em posse de um machado com as fitas branca e vermelha faz o primeiro corte e em seguida todos os presentes cortam e em pouco tempo a árvore vira o mastro a ser transportado refazendo o mesmo caminho.
Quando o grupo surge na mata, o sino novamente toca, e por onde o mastro passa os aplausos e fogos, o sino toca, e na frente da igreja o mastro é enfeitado com folhas de açaizeira, bananas, cana-de-açúcar, e outras oferendas.
No momento de erguer o mastro o sino novamente toca, o grupo se divide e numa sincronia o mastro é erguido, aplausos, fogos, choros risos e lagrimas.
A festa teve seu
início no dia 13 e se encerra no dia 26 de dezembro com muita festa.
Participar desse momento e poder registrar uma manifestação encravada no meio da floresta amazônica, um Amapá que o Amapá não conhece.
Por
João Ataíde o Viajante.
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