AMAPÁ E O SURGIMENTO DE SEU PRIMEIRO BAIRRO: VILA NOVA POR JOSÉ DA SILVA MORAES E RAIMUNDO PEREIRA (1944-1955).
Na
primeira década do século XX, na localidade analisada, não havia estradas para
a locomoção dos habitantes. Nesse período, a vida dos trabalhadores destacava-se
pela na prática de plantações, fazenda com gados e trabalhos nos engenhos, com
produção do doce da cana-de-açúcar, cachaça e mel. As práticas comerciais
também era na base de troca do trabalho e fornecimento de habitação para os
familiares dos trabalhadores que eram trazidos de Belém, Vigia, e outros lugares,
que aqui contribuíram com o avanço populacional da cidade e origem a outro
espaço.
De
acordo com Smith, a existência do valor estava condicionada à presença o
trabalho. Para ele, o trabalho era uma mercadoria da qual se originava o valor.
O trabalho, portanto, é a medida real do valor de troca de todas as mercadorias
(SMITH, 1981, p.18).
Desse
modo, segundo Smith, toda vez que alguém adquire uma mercadoria, está implicitamente,
adquirindo certa quantidade de trabalho. Ou seja, o trabalho está contido na
mercadoria. Nesse contexto, o autor coloca que o valor contido na mercadoria é
mais fácil de ser observado e apreendido porque este é concretizado pela
própria mercadoria do que o valor contido no trabalho, porque este é uma “noção
abstrata” (Ibid., p.19-20). Sendo assim, entendemos que a compra e venda de um
bem são na verdade relações de trocas de diferentes trabalhos. A esse respeito
o autor explica: O trabalho foi o primeiro preço, a moeda de troca original,
que pagava todas as coisas. Não era com ouro ou prata, mas pelo trabalho, que
toda a riqueza do mundo foi originalmente adquirida; este valor, para aqueles
que o possuem, e que querem trocá-lo por alguma nova produção, é precisamente
igual à quantidade de trabalho que lhes permite comprar e comandar. (Ibid., p.
19)
É possível pensar a respeito da existência do pescado de forma econômica libertando-se do trabalho da agricultura e pecuária com a cultura da exportação de produtos da pesca que já era uma atividade importante desde o século XIX. Com essa forma de trabalho se estabelecendo como meio de subsistência pelos seus primeiros moradores, acontece um crescimento do contingente populacional de pescadores, que fixaram sua residência no local, organizando-se para construir suas habitações em um espaço distante do centro da cidade.
A
história do Barro Vila Nova não está documentada, se sabe de sua história por meio
de depoimentos de moradores antigos e ex-funcionários da prefeitura Municipal
de Amapá. A partir de 1955, quando os pescadores que começaram a povoar uma
área de terra na distância de 200 metros da Vila do Espirito Santo, iniciara-se
então a construção das primeiras casas no espaço delimitado para ser o primeiro
bairro desse município.
BAIRRO
VILA NOVA VILA DO ESPÍRITO SANTO
Assim,
se organizaram e fizeram a limpeza de espaços na mata para instalação das suas
casas, de porto e um estaleiro. Essa nova área habitacional se encontrava a uma
distância de 200 metros da Vila do Espirito Santo. A partir desse porto de
embarque e desembarque dos pescadores, o espaço se expandiu nos anos seguintes,
iniciado o processo de urbanização do bairro Vila Nova. Os moradores da Vila do
Espirito Santo murmuravam em conversas, estão organizando uma Vila Nova à 200
metros daqui e assim foi batizado o primeiro bairro na cidade de Amapá como
Vila Nova. O bairro foi sendo organizado e ganhando estrutura, onde foi construído
o Mercado Central Pesqueiro e a Colônia de Pescadores.
Posteriormente, foi construída a Escola Municipal Lourenço Borges Façanha. Novos habitantes começaram a organizar aquele lugar para construir suas casas.
O
prefeito nomeado desenvolveu os primeiros processos de contratação de empresas
com maquinário próprio para realizar a urbanização, e assim, o serviço manual
foi aos poucos posto em desuso nas frentes de trabalho, sendo utilizada no auxilio
de machados, picaretas e outras ferramentas. Assim acontecia a limpeza das árvores,
tucumanzeiros, tocos e outros. Em 1945, após a Segunda Guerra mundial, ausentaram-se
muitas pessoas da Base Aérea e a firma que ali, oferecia empregos há muitos
pais de família também foi embora, e consequentemente, o desemprego assolou a
comunidade. Sendo posteriormente recontratados pela gestão do prefeito instituído
para a abertura das ruas do novo bairro.
Em exposição nas ruínas da base |
Partindo
desses moradores da Vila Nova o prefeito Dilemarno Ruy Secco Gemaque se
estimulou em 1955, para trazer um TRATOR DE ESTERA- D-8, que ali estava na Base
Aérea para fazer aberturas de vias publicas no Bairro agora chamado Vila Nova,
tendo como operador da máquina o senhor João Nobre. Segundo João Bento
trabalhou junto com João Nobre na abertura das primeiras ruas da Cidade de
Amapá falou que João Nobre era um pernambucano operador de máquinas pesadas e
desenvolvia sua atividade profissional na Base Aérea trabalhando em uma firma
que não lembra o nome, que também João Nobre era dono de gados aqui neste local
e esposo da Dona Josefina que era tesoureira da prefeitura da Cidade de Amapá
na época.
Vila
Nova é um bairro da Zona Norte do município de Amapá. Apesar de possuir
variedade residencial, o bairro é eminentemente comercial e turístico. Abriga a
maior concentração de pontos comercias do pescado da cidade. Possui desde prédios
históricos até modernos frigorifico. Seu índice de qualidade de vida, é um dos
melhores da cidade segundo dados obtidos nos estudos de Nascimento (2005).
Nesse
sentido, deste ponto em diante, analisa-se a iniciativa de moradores participantes
da história e na construção do espaço urbano do Bairro Vila Nova, primeiro
bairro do município do Amapá.
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