UM CEMITÉRIO DE 124 ANOS PRESERVADO APENAS PELA MEMORIA POPULAR



Faço parte dos discípulos dos acontecimentos narrados pelos protagonistas e, divirjo dos fatos oficiais, em parte. Isso desde em que conheci Estácio Vidal, abro um parêntese, "um historiador, pesquisador, a partir daí, digo e sigo essa linha. Assim, tomei conhecimento dos acontecidos da invasão francesa ocorrido em Amapá no ano de 1895, essa invasão, fez de Cabralzinho um herói nacional. Vale lembrar o decreto-lei Estadual nº 2972, de 31/03/1938, quando o hoje município, passou a denominar-se Veiga Cabral.
Sou da chamada escola nova, aceito o grande feito, mas, tenho de dar visibilidade a pessoas que perderam a vida e hoje são enterradas num cemitério esquecido pela própria história. 


Esse cemitério não tem cruz, não tem lápides, a maior parte dos mortos foram jogados numa vala. O que garante a existência é a memória popular e a oralidade local”.
O cemitério fica localizado num terreno particular na rua Senador Lemos no Bairro do Cabralzinho. Hoje um grupo de pessoas de Amapá, estão pensando em narrar essa história numa saga por uma encenação, mostrando não só a figura imponente do herói, assim como outros protagonistas.
Meu primeiro entrevistado é Tonhão, parte dele a ideia de fazer um memorial e transformar a data em um evento grande, pois afinal o Cabralzinho é um herói nacional. Tonhão (Ele) é o principal incentivador da encenação no dia 15 de maio, levará a proposição aos seus pares na câmera municipal, aonde é vereador. (Ele) já se prepara para uma seleção de atores dispostos a empreitada. A ideia vem ganhando força, como é o caso de Lucas Pacheco um dos donos do terreno do antigo cemitério: “eu faço questão de manter limpo, aqui tem muitos mistérios. Final de tarde, quando tudo fica calmo, a gente ouve vozes. Já veio técnicos do IEPA, escavaram, encontraram punhais, pedaços de armas, levaram e não tem nenhum retorno”. Pacheco aponta por onde ainda viu restos de ossos, parece conversar com o lugar – sagrado. 
 
Tonhão é sobrinho de dona Estelita da Silva Sales de 90 anos, nascida no dia 5 de dezembro de 1927, filha de Domingo Martins da Silva; um sobrevivente do fatídico dia que narra: “meu pai contava que eles chegaram ai nesse lago, os franceses mataram muitas crianças, jogavam para cima e aparavam na ponta da espada. Minha tia, chamada, Rosa Martins, morreu na guerra, quando os franceses chegaram, o povo correu e ela ficou para trás, quando acalmou, ela estava com um tiro na cabeça jogada no chão”. Ela fica chateada quando diz que o Cabralzinho correu, ele foi um herói, recuou porque a bala acabou, senão, tinha matado mais franceses. relata dona Estelita, em vagas lembranças, acrescenta que no cemitério estão enterrados mais de sessenta (60) pessoas.
"Nossa história precisa se encontrar, talvez tenha sido essa intenção de Estácio Vidal, sou dessa escola, e se, essa narrativa lhe tocou repasse essa ideia".
Por João Ataíde,

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