TAMPACK UMA COMUNIDADE SARAMAKA NA MARGEM ESQUERDA DO RIO OIAPOQUE QUE VIVE NO DIÁLOGO CONSTANTE COM OS SEUS ANCESTRAIS



"Sou um viajante de minhas indagações que trafega pela história da cultura negra. Os meus escritos vem de relatos, das coletas orais ainda presentes em cada lugar. Dessa vez, descrevo uma comunidade emblemática para o povo do outro lado da fronteira, simbolo da resistência". 

O povo Saramakas. Esses travaram uma guerra contra holandeses e franceses, onde a principal estratégia era não revelar aos brancos seus grandes líderes. Dessa forma se espalharam por toda a região do platô da Guiana. Existe uma mística sobre esse povo ligado a mandinga, para qualquer coisa logo se diz: “o povo Saramakas é poderoso”, realmente ao lado deles nos sentimos fortes, eles tem uma ligação direta com os ancestrais, onde uma das questões bastante representativa foi o fato de no momento de assinatura de tratado com seus perseguidores ter sido celebrado tomando o sangue um dos outros num ritual de honra. Como nota em (1975) Suriname de onde saiu a maioria desse povo,  passou a se chamar "Republica de Suriname" se tornando independente, sendo uma das três guianas na America do sul e a segunda depois da Guiana Inglesa ( 1966) a deixar de ser colonia, fazendo assim da Guiana Francesa a unica a ser inteiramente dependente da frança. a unica - não independente - na America do sul. 


Os residentes de Tampack contam que na Guiana, o seu povo tem o respeito de todos os guianeses por terem domado o rio e os tornaram navegáveis, pois existem partes que eles de canoas, chegaram e dominaram e os outros dependiam deles para se chegarem ao longe. E falando de Tampack que é uma comunidade localizada na margem esquerda do rio Oiapoque, justamente o rio que divide a fronteira, entre Amapá e Guiana Francesa, ela fica distante de São Jorge do Oiapoque (em francês Saint-Georges-de-l'Oyapock), 15 minutos de barco. Na chegada já somos recepcionados por uma paisagem parada no tempo, casas talhadas no machado, cobertas de cavaco e ou zinco, chão batido, com árvores antigas de cuieiras, panelas ao fogo de lenha e um coqueiro de tão alto nos revela o tempo de existência da própria comunidade. No meio da comunidade tem um espaço sagrado ele é cercado parecendo um cemitério e dentro quando olhamos não se ver nada, quer dizer, como fica no meio da vila e pelo cuidado tem muita coisa lá, tem uma capela católica que dentro percebemos o sincretismo das duas culturas, onde uma não se sobressaem a outra: vivem juntas pela espiritualidade. 


As pessoas na sua maioria beiram os 70 anos, lugar sem tecnologia, o silencio é místico. As pessoas quase não são vistas, logo cedo se embrenham no mato e os são vistos no final da tarde. Eu visualizei um lugar de oferendas o qual não tive autorização de mostrar, essa foto guardarei para mim, e respeitarei o pedido. 

 Já estive nessa comunidade por duas vezes, e em ambas as duas ganhei uma paz interior que me alimenta nas batalhas diárias de cada dia por conta de minhas indagações me sinto parte desse lugar. Nesse lugar o respeito pela ancestralidade passa pela espiritualidade de qualquer comunidade quilombola, as semelhanças são orgânicas, na vila tem uma casa em que o proprietário ultimo faleceu e tudo nela permanece até hoje sem que nenhuma coisa tenha sido mexida.


Fonte: Richard Prince /Palmares como poderia ter sido.

Palavras chaves: tampack, resistência negra na guiana, comunidade saramaka.

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