NÃO PODEMOS SER OS PALHAÇOS SOCIAIS DE TODOS OS ANOS DE CONSCIÊNCIA NEGRA



Passado o mês da consciência negra é necessário uma avaliação: será que já adquirimos, nós enquanto negros nosso lugar se dentro da casa grande ou dentro da senzala - dada pelo colonizador? 

“Nos salões elegantes dançavam, damas e senhores e nas senzalas os “escravos” dançavam entoando seus tambores” Casa Grande e Senzalas - Mangueira 1962. Esse samba já incitava a consciência coletiva que nossos pretos escravizados tiveram, não podemos alimentar os casarões e permanecer nessas de estar tudo bem se está bem pra mim. É necessário cada ano avançamos um pouco lacônico no que queremos; sabedores que quando o tambor entoar é o momento de um novo levante e não para silenciar o som da casa grande. 

"Uma mesa não se enche de frutas só para alimentar a fome, ela serve de chamamento para compartilhar muito alem de matar a fome".

Muitos passos são dados nas garantias dos direitos afirmativos e nem todos sabem disso, não é a festa pela festa, sim momento de discussão, não estamos nos preocupando com essa missiva, não nos preocupamos com o coletivo. O coletivo não é quem canta mais ou quem canta menos, não é o que dança mais ou quem dança menos, não é o mais e a mais bela e, sim o conjunto, o grupo. Deixemos então de sermos os palhaços sociais e nos emponderemos do conhecimento do nosso povo que mesmo na desdita da senzala fizeram desse espaço de dor o início do levante negro rumo aos quilombos, numa rede de comunicação que absorveu todos os negros, dos libertos aos em cativeiros. Enquanto nos deram um mês, nos capacitemos para durante o tempo todo sermos negros dono do nosso destino, conscientes de que quando a senzala aprende ler a casa grande treme.

João Ataíde

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