UM OBSERVATÓRIO É NECESSÁRIO
Desde a construção da primeira igreja em solo Tucuju, datada de 1761
(São José de Macapá), o movimento social já se estabelecia como ferramenta de
luta, pois constam relatos de uma irmandade dos pretos ligada à religião católica,
isso se repetia nas terras de pretos fugidos, as reuniões em torno do tambor
para fazer “bandaia”. Tudo faz parte de uma história sem registro oficial,
apenas no imaginário popular repassado via oralidade das rodas de Marabaixo
umbanda, capoeira, bates papos de frente de casa da Macapá antiga. Hoje, sistematizar
é preciso, aos poucos o próprio circuito foi tomando noção do que o coletivo
pode fazer. Tudo isso é recente que a próprio militante de causa ainda não
assimilou e uma nova ferramenta já se faz necessária.
Em se tratando de políticas afirmativas no estado do Amapá, há uma
longa batalha conseguida pelo movimento negro a registrar. Foram criados órgãos
públicos e entidades como a Seafro, Comir (atual Improir), conselhos, e
bastante entidades representativas das questões quilombolas, das mulheres, muitas
destas resoluções inclusas no mesmo ato institucional.
Uma das maiores desculpas de ser promover políticas públicas
setorizadas é a falta de dados comprobatórios, pois mesmo com a formação de
redes voltadas aos segmentos, os gestores, muito por conveniência, fazem
questão de não apresentar números (dados estatísticos), como o da violência
contra a mulher ou do genocídio da juventude negra, que todo mundo sabe que existe
e não se consegue provar. As delegacia de mulheres apresentam números que são
divergentes do CRAM, a Seafro diz que são tantos os quilombos existentes no Amapá
enquanto o INCRA afirma ter outros tantos e dessa forma acaba-se na inexatidão
dos dados e informações que gera o descrédito total. Pensando nisso, está mais
que na hora de criar um observatório social amapaense, lugar onde técnicos das
secretarias afins e representantes dos movimentos sociais, sintetizem dados e
números relevantes para subsidiar projetos positivos e mostrar os números
exatos que por enquanto estão desencontrados.
“Cada geração conquista um pouco e esse pouco, juntando dá num
montão”
Palavras chaves: movimento negro, políticas afirmativas, registro.
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