CRIAÚ/CURIAU 19 ANOS LUTANDO PELA AUTONOMIA DO SEU TERRITÓRIO
Criaú/curiau 19 anos lutando
pela autonomia do seu território
No
dia 03 de novembro de 1999, o criaú/curiaú recebeu o título de comunidade
remanescente de quilombo, naquele momento a Fundação Palmares, ligada ao
Ministério da Cultura, reconhecia como comunidade a única reconhecida no Amapá.
Naquele momento a descrição da área foi:
uma comunidade negra remanescente de antigo quilombo afro-brasileiro, a
comunidade preserva ainda valores e tradições dessa cultura; musica (batuque,
marabaixo, pandeiro, flauta e tambor), grupos tradicionais como raízes do
bolão, comidas típicas, festas religiosas (São Sebastião, Santa Maria, são
Joaquim) tradições dos antepassados e mantêm fortes relacionamentos com a
terra.
“Vale destacar que neste período cabia à Fundação Cultural Palmares -
FCP, emitir os títulos e tomar providências acerca da regularização fundiária.
Os títulos emitidos pela FCP se deram sem que houvesse desapropriação ou
reassentamento dos posseiros.
“Só
em 2003 a função de regularização das terras quilombolas sai da FCP e com o Decreto
4887 é atribuído ao INCRA o papel de regularizar as terras quilombolas”. a comunidade tem uma particularidade com a questão, ela foi primeiro titulada e depois certificada (20/11/2012).
Muito
desse contexto histórico prevalece, outros não. No ano de 99 da ponte dava para
ver a antena da radio Equatorial (emissora de rádio e televisão de Macapá), uso
esse argumento para dizer que olhando do mesmo lugar dezenove anos depois dá
para ver centenas de antenas, isso demonstra que o quilombo está sendo invadido
dia após dia; não que a comunidade não queira o desenvolvimento, esse título
chegou para que essa ameaça fosse só um pensamento de um jovem quilombola.
Todos
os dias a expansão urbana caminham juntamente com suas antenas no rumo do
quilombo que mesmo com uma garantia constitucional não garante a efetivação da
autonomia do território, hoje o medo é que “muitos dos que não foram”, chegam a
comunidade se dizendo descendente e reivindicam por um espaço de seus
antepassados, isso sem um critério, sem um envolvimento na comunidade, isso
tornasse uma ameaça, pois desde a sua titulação, como rege o histórico, vem
sendo preservado por conta de sua cultura forte, esses que voltam tem o seu
direito e a discussão não gira entorno disso. Eu faço uma analogia com a
titulação do quilombo do criaú/curial, com a assinatura da Lei Aurea (3353 de
13 de maio de 1888), pois como aqueles e os da comunidades não foram preparados
e nem que medidas tomarem para a sua efetivação, ainda a muita confusão de
distinguir o que é quilombo e o que é APA.
Algumas
situações sistemáticas são noticiadas pelo jornal do quilombo de seu Sebastião;
lixos jogados as margem da rodovia, cachorros motos são deixados e a fedentina
constante incomoda a comunidade, na escola José Bonifácio os conflitos são
constantes com a necessidade da interversão policial, pois na escola não existe
uma educação quilombola diferenciada, muitos alunos vindo de bairros adjacentes
hostilizam os estudantes quilombolas e o conflito é certo, o que muitas das
vezes os criminalizados são os jovens do quilombo. A linha de ônibus todos
sucateados e sujos serve a comunidade, o balneário depois do veraneio fica só o
lixo para a comunidade limpar.
19
anos depois a incompreensão é geral, tanto por moradores quanto por órgãos governamentais
(estaduais e municipais), o decreto 4887 é explicito: “Decreto é todo ato ou resolução com força obrigatória, destinado
a assegurar ou remover a boa ordem política, social, jurídica, administrativa,
ou a reconhecer, proclamar e atribuir um direito, estabelecido em lei. É
emitido por um órgão do poder público competente”
Cumpridas todos os passos,
existe um que o INCRA precisa ter muita habilidade para fazê-lo, trata-se da
desintrusão, ou seja, retirar do território dos quilombolas toda e qualquer
pessoa não quilombola que esteja habitando e exercendo algum tipo de produção
no território. Coisa que nunca foi feita. O criaú/Curiaú não é terra de todo
mundo é terra quilombola com direitos constitucionais.
#19anosluta
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