JOÃO DAMÁSIO DOS SANTOS OU VELHO BACABA


foto álbum de família

João Damásio dos Santos ou Velho Bacaba em 26 de abril de 1932, nasceu no criaú/curiaú

Como já tinha falado, tenho uma gratidão por esse cidadão de pernas tortas e cara fechada, só parecia mesmo, um homem trabalhador que nos finais de semanas botava todos no caminho da roça, uns catando macaxeira no campo e outros raspando para depois torrar a farinha de cada dia.

Eu tinha os meus oito anos (8) quando o velho Bacaba passou a viver com minha mãe, ele viúvo e minha mãe a tempo sem ninguém, juntaram duas famílias e eu os tenho ate hoje como irmãos; Joaquina, Roseane e Laércio, meus irmão que íamos juntos para todo quanto era canto, enquanto as meninas na casa de forno junto com minha mãe raspavam, cortavam e faziam a comida, nesse intervalo eu o velho Bacaba, Laércio, nos embrenhávamos no mato, trepar em açaizeiros, atirar em uma caça, por volta de umas 14hs, já chegávamos com uma saca de açaí, alguns macacos ou outra caça que servia como alimento na cidade.

Durante a semana ele trabalhava como encanador da CAESA, levantava muito cedo, pois, como minha mãe trabalhava de gari, ele primeiro a levava ate a rua que ela varria e depois se dirigia ao seu lugar de trabalho; são apenas lembranças que tenho, ele tinha tantas das facetas que a que me fez ter uma grande referência como pai foi a parte da cultura.
foto álbum de família

Numa roda de batuque não tinha batia o amasso, na ladainha de São Joaquim ele tocava uma viola que ele mesmo fazia – eu cheguei a ver ele na roça pegava uma madeira que não me recordo qual era e ia moldando e quando eu vir estava feita tinha umas três penduradas pelas paredes, foi numa dessas rodas de batuque que vir : bacaba, bolão numa pegada numa bandaia que parecia não parar.

Quando minha mãe e seu bacaba se separaram eu já tinha 17 anos, isso mesmo, nos saiamos as 5 horas do bairro do pacoval de bicicleta para os campos do criau/curiau, passávamos o dia fazendo farinha, coletando o que podia vender na cidade, quando chegávamos por volta da 18hs o patio da casa já estava cheio: uns compravam a farinha, outros açaí amassado pela minha mãe, carne de caçar, o apurado na venda servia para comprar; café, açucara, feijão, dessa forma se sustentava 2 casas e em media 10 pessoas e quantos mais chegassem.


Foi o velho bacaba que me ensinou o valor que tem ser um filho que teve seu umbigo plantado na terra, nas rodas, nas ladainhas, nas roças, nas cantorias, na condução da família. Velho bacaba esse foi o pai. Faleceu em 24 de abril de 2009 (Tinha 76 anos)








Palavras chaves: Homenagem, família, pai.

Comentários

  1. Boa noite meu bisavô chamava-se João Damásio dos Santos, era fazendeiro no sul da Bahia, faleceu na década de 50.

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