ALDEIA MARAJAÍ NO MÉDIO SOLIMÕES NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃ



jovens Mayoruna.

ÍNDIO MONTANDO TRANSMISSOR

Processo de comunicação da aldeia Marajaí, no Médio Solimões.

O V Encontro do Projeto Mídia dos Povos, levou até a aldeia Marajaí no Amazonas no período de 24 a 28 de julho de 2017, integração, por meio das novas ferramentas aliadas ao radio; transformação pela comunicação, por oficineiros pertencentes a rede de comunicadores da Amazônia. Onde a tecnologia entra em sintonia com a comunicação de ancestralidade, de forma lúdica envolvendo a todos aos canais disponíveis conduzidas nas ondas do rio solimões.



O inicio do projeto na aldeia Marajaí do povo Mayoruna, foi no dia 23/07, a aproximação e acordo de convivência para que o trabalho ser produtivo durante a semana. Os conteúdos ministrados por comunicadores que desempenham trabalhos em suas regiões de origem: oficina de comunicação de ancestralidade, politica indigenista e indígena, produção, teatro, montagem e manutenção de transmissores de sistema FM, entre outras que foram acontecendo no decorrer das necessidades.

A oficina do primeiro dia o Leonardo Tello Imaina, vindo do Peru/Nauta, promoveu uma roda de conversa, onde diante da sondagem, visualizou as particularidades que existem entres os índios da aldeia Mayoruna e os Kokamas do seu país, tantos os oficineiros quanto os convidados inidigenas, expuseram como cada povo se comunicava, os Cambebas do rio Solimões, ainda é usado o ferro como comunicação – ao bater com toques diferenciados, emitem um comunicado aos seus “parentes” distantes, modo que já foi usado pelo povo Mayoruna.

Guilheme Gitahy de Figueiredo fez uma palestra : Aprendendo com as rádios livres, a era livre dos “hams” nos EUA, a palavra "rádio livre" já teve muitos significados ao longo da história. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), era usada para as rádios da resistência à ocupação nazista, Movimentos de Libertação Nacional e ficou registrado que qualquer pessoa pode se expressar numa rádio livre. Mas há um outro modo de participar: ajudar outras pessoas a terem liberdade de expressão. Isso pode ser feito convidando outras pessoas para participar de suas rádios, realizando "oficinas de rádio livre" em bairros, escolas, universidades, comunidades e aldeias, promovendo debates, lutando para mudar as leis, etc.

Após esse bate papo, relatos anotados, cada qual com suas suas necessidades, todos os oficineiros, tivereram um “norte” de como a semana seria conduzida. A representante da AMARC/Brasil, falou do funcionamento da rede e deu boas vindas aos participantes. Como num “lançamento de foguete”, a plataforma montada estava pronto ao despertar Marajaí, os jovens revindicando por conhecer o seu próprio linguajar, o mais velho acreditando nas lideranças escolhidas, enfim 72 anos de existência ganhando consistência com a força da comunicação.

No dia seguinte, foi oficina de produção e formação a cerca da politica indigenista, onde eu pude contribuir com a politica afirmativa e as leis que ampara o índio – fiz uma contextualização da história DIREITOS INDÍGENAS E DIREITO INDIGENISTA; coisas que absorvi na pós graduação de história indígena e africana, e as iniciativas do brasil colonia para extinção de um povo, tais como, os avanços no plano do discurso institucional e na legislação, novos espaços para o reconhecimento da humanidade plena indígena. Mesmo que ainda vigore um conjunto de fatores que impedem o reconhecimento de seus direitos coletivos como sociedades particulares.

Noutra sala a conceituada jornalista Dillyane Justine do Rio de janeiro passava a outra turma como se faz uma produção jornalistica, formas de textos, isso para uma comunicação escrita.
Na mesma sala dividindo o tempo a Denise Viola coordenadora do mídia dos povos, mostrava a produção de um programa de Radio.

Olhando pela janela dava para ver que o Daniel Siqueira de 23 anos, professor de teatro e acadêmico do curso de história pela universidade do estado do amazonas – CEST, em Tefé-AM. Oferecia uma oficina de teatro, para ser apresentado no programa da radio xibé, foi uma radio novela que ficou maravilhosa.
olhar pela janela

Ao final dessas oficinas, os grupos que foram dividido por afinidade de conteúdo, elaboraram um programa de rádio com conteúdos que puderam absorver das oficinas, quando a radio xibé foi ao ar, com o conteúdo produzido por eles mesmos, foi uma emoção que não se pode descrever com as letras, as fotos falam por si mesmo.

O dia 26/07, marca o penúltimo dia de minha visita a Marajaí, e começamos de trás para frente, na oficina do Serginho Fonseca, índio Miranha, militante de Radio Livre, (um Dos) idealizador da Rádio xibé, Radio Voz da Ilha, mestrando em educação pela CEST, em Tefé-AM, falou do programa de como se constrói mini - transmissores FM pelos próprios convidados, - em sua fala o Serginho fez o seguinte reflexão – “a comunicação é uma ligação direta com seu ancestral, essa é a nossa comunicação... Hoje estão para receber, uma forma de comunicação com domínio do capital que nos mata… Essa ferramenta envolve muita responsabilidade: ela destrói e constrói, para quem vocês querem comunicar e para quer? de que lado vocês querem ficar? (ainda que eu tenha a resposta, só o tempo vai dizer).
OFICINA TRANSMISSORES.

A rádio xibe, já é realidade na comunidade indígena de Marajaí, nesse evento com a implementação do transmissor, as comunidades: Canario, Assunção, Marcedonia, Laranjal, Méria, Mari, Igarapé Grande, Ponta da Castanha, puderam sintonizar na frequência 107,6. “os indígenas sabem que a radiotransmissão é um monopólio do estado, mas se for esperar (…) vai levar mas tempo do que pode ser “preenchido” agora”, os mesmos buscam pelos meios legais a sua regularização. Com esse encontro, a oficina da construção e manutenção desses transmissores, esperam ampliar ainda mais a potência para que aonde chegue as ondas fiquem sabendo da existência do povo Marajaí.
Galera da FLONA.

Os agradecimentos a todos os envolvidos nesse encontro, em especial a comunicadores da rede mídias dos povos (os irmãos de verdade), e a minha eterna gratidão pelo processo de valorização que passei.

tudo que juntei de informação ao longo do tempo, eu guardei numa gaveta, pois, eu achava que ninguém queria saber do que eu pensava, eu estava verdadeiramente enganado, descobrir por meio desse projeto que em algum lugar, mas em algum lugar, vai sempre ter alguém a me escultar, dessa forma, eu informo e retorno com mais informação”.

João Ataíde, comunicador social da amazônia.

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