Nagôs, quem são eles?
Nagôs
ou Anagôs
era a designação dada aos negros
escravizados e vendidos na antiga Costa
dos Escravos e que falavam o iorubá.[16]
Os iorubas,
iorubanos ou iorubás são um povo do sudoeste da Nigéria,
no Benim (antiga
República
do Daomé) e no Togo.
Historicamente,
habitavam o reino
de Ketu (atual Benin),
na África
Ocidental . Durante o século XVIII e até 1815, foram
escravizados
e trazidos
em massa para o Brasil
durante o chamado "Ciclo da Costa
da Mina", ou "Ciclo de Benin e Daomé".
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A nação
nagô, ou a etnia yorubá, seria do âmbito das formações
imaginárias – identidades ou tradições inventadas para dar
conta de eventos culturais, políticos e econômicos – que neste
caso, começou a tomar a configuração atual, entre os anos de
1890 e 1940 – uma identidade “criada em uma sociedade crioula
da ‘Costa’, que estava em constante diálogo com as nações
religiosas emergentes da diáspora afro-latina (Matory, op. cit.:
272)”. Como o candomblé e o xangô são referidos como de
modelo nagô, em termos das matrizes míticas africanas (as
nações), no Recife – talvez para que não reste dúvidas das
diferenças entre o nagô baiano e o nagô pernambucano – o
termo nagô é utilizado apenas para o xangô e para o modelo
baiano a denominação utilizada é o candomblé-de-nação.
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"Nagô",
nome pelo qual se tornaram conhecidos, no Brasil, os africanos
provenientes da Iorubalândia. Segundo R. C. Abrahams, o nome nàgó
designa os Iorubás de Ipó Kiyà, localidade na província de
Abeokutá, entre os quais vivem, também, alguns representantes do
povo popo, do antigo Daomé. O termo proviria do fon
anago,
usado outrora com o significado pejorativo de "piolhento".
Isso porque, segundo a tradição, os iorubás, quando chegaram à
fronteira do antigo Daomé, fugindo de conflitos interétnicos,
vinham famintos, esfarrapados e cheios de piolhos. Segundo W.
Bascom, o nome nàgó
ou nago
se refere ao subgrupo iorubá Ifo-nyin. Na Jamaica,
o nome nago
designa o culto de origem iorubá.
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Termos
como "nagôs", "jejes",
"angolas", "congos"
e "fulas"
representavam identidades étnicas criadas pelo tráfico
de escravos, onde cada termo continha um leque de tribos
escravizadas de cada região. "Nagô" era o nome que se
dava ao iorubano ou a todo negro da Costa
dos Escravos que falava ou entendia o iorubá.
Migeod assinala que "nagô" é nome dado, no antigo Daomé,
pelos franceses ao iorubano: do efé
anagó.
Acredita-se que 'nagô' seja uma corruptela do efe
anago,
um termo que designa os povos de língua iorubá da costa da África
Ocidental.
Os
portugueses construíram, em 1498, o forte São
Jorge da Mina, ou Feitoria da Mina, ou Mina, no Gana,
um posto estratégico na rota dos europeus ao litoral da África
Ocidental, onde os cativos eram mantidos à espera de transporte
para o Novo Mundo.
O
tratado de paz de 1657, assinado entre a rainha
Nzinga Mbandi Ngola e a Coroa Portuguesa, com mediação do papa
Alexandre VII, encerrou a guerra no Reino
do Kongo e o tráfico escravista europeu na região.
No que se refere ao Brasil,
o tráfico irá paulatinamente se deslocar em direção à chamada
Costa da Mina,
onde se localizava o Reino
do Daomé e o reino
de Ardra,[20]
vinculados ao império Oyo
- Ioruba ou Nagô, segundo Verger, no final do século XVII e início
do século XVIII. Entre os anos de 1681 a 1710 um grande número
de embarcações carregadas de fumo
foram para Costa da Mina e Angola.
O
fumo (tabaco) da
Bahia era rejeitado
pelos europeus, que o achavam de má qualidade, e era destinado aos
traficantes de escravos, sendo muito apreciado pelos africanos.
Graças ao fumo, Salvador
tornar-se-ia a capital mundial do tráfico de escravos.
Introduzidas
no Brasil com a escravidão,
as culturas africanas imprimiram, cada uma com suas peculiaridades e
em diferentes graus, marcas profundas em quase toda a extensão da
alma e do território brasileiro. E na Bahia essa presença - que se
recria hoje em importantes instituições como as comunidades
terreiro - é
devida basicamente à cultura dos nagôs, que vinda da África
Ocidental, foi entre o fim do século XVIII e o fim do século XIX,
das últimas a serem escravizadas no Brasil.
Kètu,
Egba,
Egbado e Sabé
são alguns dos segmentos nagôs que vieram para a Bahia provenientes
da grande área iorubá que compreende sul e centro da atual
República
de Benim, ex-Daomé; parte da República do Togo:
e todo sudoeste da Nigéria.
E todos eles - com destaque para os Kètu - contribuíram
decisivamente para e implantação da cultura nagô naquele Estado,
reconstituindo suas instituições e procurando adaptá-las ao novo
meio, com o máximo de fidelidade aos padrões básicos de origem,
fidelidade essa em parte facilitada pelo intenso comércio que se
desenvolveu entre a Bahia e a costa ocidental da África
durante todo o século XIX até os primeiros anos que se seguirem à
Abolição.
Para
entender o predomínio da etnia yorubá-nagô na Bahia é necessário
recordar que, nas últimas décadas do tráfico negreiro, um enorme
contingente de escravos dessa região foi trazido para Salvador.
Nesse momento, os núcleos familiares também não foram tão
desmembrados como no início da escravatura,
permitindo uma maior manutenção da cultura e dos costumes.
Nos
dizeres de Edison
Carneiro, no clássico Candomblés
da Bahia: "Os
nagôs logo se constituíram numa espécie de elite e não
encontraram dificuldade de impor à massa escrava a sua religião".
E complementa: "Quanto aos negros muçulmanos (malês),
uma minoria entre as minorias, que poderiam ser êmulos (rivais) dos
nagôs, pelo seu sectarismo, afastavam não só os escravos como toda
a sociedade branca". A própria Mãe
Aninha Obá Biyi era filha de um casal de africanos da etnia
grunci, os negros
Aniyó e Azambiyó, mas fora iniciada no candomblé
pelos nagôs da Casa
Branca do Engenho Velho. A presença de Xangô,
seu orixá,
solidificou ainda mais as tradições iorubás em sua trajetória.
Palavras
Chaves: Cultura. Comunidades Tradicionais. Direito étnico. Ação
afirmativa.
fonte https://pt.wikipedia.org
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