Especialistas promovem abaixo-assinado contra 'Lei da Queima de Arquivo'
Projeto de Lei de autoria do senador Magno
Malta (PR-BA) prevê a destruição do arquivo histórico nacional após
digitalização. Especialistas enxergam problemas e dizem que não há
redução de custos
por Redação RBA
publicado
26/06/2017 18h37
divulgação
São Paulo – Entidades de especialistas em arquivologia e ciências da informação promovem um abaixo-assinado
para pressionar a Câmara dos Deputados a barrar o avanço do Projeto de
Lei 7.920/2027, de autoria do senador Magno Malta (PR-BA). A proposta
autoriza a destruição de documentos públicos
após sua digitalização. “Ao legalizar a destruição dos originais, a
garantia de autenticidade dos documentos públicos poderá ser duvidosa e
discutível, impossibilitando futura verificação”, afirmam.
O movimento “Queima de Arquivo Não”
conta, até o fechamento desta reportagem, com 910 assinaturas, que
devem ser encaminhadas para o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O projeto permaneceu engavetado desde 2007, ano de sua autoria, e foi
colocado em pauta no Senado por Malta. A aprovação na Casa aconteceu no
dia 14 deste mês, e seu encaminhamento para a Câmara na última
terça-feira (20).
A possibilidade de queima de arquivo sem a possibilidade de acesso ao
documento original pode, de acordo com o movimento, prejudicar
importantes movimentos da sociedade. “Comissões e grupos como a Comissão
da Anistia, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos e o
Grupo Movimento Tortura Nunca Mais, que tem por objetivo cobrar do
Estado reparações em relação à execução de ações autoritárias contra os
cidadãos, violando direitos humanos (…) correm risco de terem seus
trabalhos comprometidos”, dizem os especialistas.
Participam da organização contrária ao projeto, entre outras, a
Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), a
Executiva Nacional dos Estudantes de Arquivologia (Enea), a Associação
dos Servidores do Arquivo Nacional (Assan), a Associação Brasileira de
Educação em Ciência da Informação (Abecin), a Associação Nacional de
Pesquisa e Pós-graduação em Ciência da Informação (Ancib) e o Conselho
Nacional de Arquivos (Conarq).
“O Conarq, durante sua 86a Reunião Plenária, realizada em
Brasília, no Salão Negro do Ministério da Justiça e Cidadania, debateu
como item de pauta o projeto que dispõe sobre a digitalização e
arquivamento de documentos. Na mencionada reunião, o Conarq, em decisão
unânime de seu Plenário, se posicionou contrário ao referido projeto”,
afirma em nota o Conselho.
A Assan rebate o argumento do projeto, que afirma ser de valia por
economizar dinheiro dos cofres públicos a partir da iniciativa. “A
justificativa de que se faz necessário diminuir a quantidade de
documentos para que se possa economizar na sua guarda e preservação é
uma falácia. O armazenamento da documentação digital é tão ou mais
custoso do que dos documentos analógicos, e as constantes atualizações,
transferências de mídia e reformatações são processos custosos e
difíceis. Esse projeto pode, na realidade, representar um aumento grande
no custo, cujo valor seria repassado a cartórios e empresas privadas”,
explica.
Por fim, as organizações pedem o arquivamento imediato do projeto
mediante as “graves ameaças à transparência pública, à gestão e
preservação dos documentos, bem como à preservação da memória”.
fonte: http://www.redebrasilatual.com.br
Comentários
Postar um comentário