Dia 07 - Fundado o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUCDR). São Paulo/SP (1978).
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foto memorial democracia racial |
Por Drielly Jardim
Em 07 de julho de 1978 as escadarias do
Teatro Municipal de São Paulo foram palco do ato público que convocava
homens e mulheres negros a reagir à violência racial a qual eram
submetidos. Naquele momento, a sociedade brasileira era apresentada ao
Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNU).
O MNU nasceu quando representantes de
várias entidades se reuniram em resposta à discriminação racial sofrida
por quatro garotos do time infantil de voleibol do Clube de Regatas
Tietê, e à prisão tortura e morte de Robison Silveira da Luz, acusado de
roubar frutas numa feira.
Para o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de
Araujo, o MNU foi um marco para a esperança de negros e negras
brasileiros na luta contra o racismo e o preconceito. “O Movimento Negro
Unificado sempre deu uma grande contribuição na busca pela igualdade de
oportunidades entre negros e não negros”, afirma. “Muitas das
organizações de combate à discriminação racial no Brasil inspiraram-se
neste movimento, o qual ainda é hoje uma referência de força e
resistência para a população negra”, finaliza.
Após o ato no Teatro Municipal, o MNU
lutou para fazer a população negra sair das salas de debates e das
atividades lúdicas e esportivas, para ações de confronto aos atos de
racismo e discriminação racial, elaborando panfletos e jornais,
realizando atos públicos e criando núcleos organizados em associações
recreativas, de moradores, categorias de trabalhadores, nas
universidades públicas e privadas.
A luta do MNU foi aos poucos ganhando
força e se refletiu na atitude do Estado em relação aos debates sobre a
discriminação racial, culminando com a criação, em 1984, do primeiro
órgão público voltado para o apoio dos movimentos sociais
afro-brasileiros: o Conselho de Participação e Desenvolvimento da
Comunidade Negra no governo Franco Montoro, então governador de São
Paulo.
Constituição de 1988 –
Foi ainda durante o mandato de Montoro que um representante da população
afrodescendente compôs a Comissão Arinos, que criminalizou a
discriminação racial na Constituição Brasileira de 1988. A tipificação
do racismo como crime foi estabelecida pela Lei Caó, de autoria do
deputado Carlos Alberto de Oliveira, promulgada em 1989.
A luta contra o racismo também entrou
para a pauta de discussão das centrais sindicais a partir da década de
1990. O V Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
reconheceu a importância da temática racial para a organização dos
trabalhadores, e, a Central Geral dos Trabalhadores (CGT) foi
responsável pela organização do Seminário Nacional de Sindicalistas
Anti-Racistas em 1990, no Rio de Janeiro, o qual resultou numa Comissão
Nacional Contra a Discriminação Racial.
Iedo Ferreira, um dos fundadores
do Movimento Negro Unificado, espera que a luta dos próximos anos seja
pela reparação aos negros e negras do Brasil. “É preciso resgatar a
nossa identidade e nos dedicar pela reparação para o povo negro do
Brasil, que foi escravizado e tanto sofreu, afinal, sem identidade
ninguém luta e a nossa luta precisa continuar”.
Com informações do Geledés.
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