Comunidades Tradicionais de Matriz Africana
por Carmen Cira Lustosa da Costa
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publicado
09/04/2014 11h52,
última modificação
08/09/2015 12h39
Os povos tradicionais de matriz africana se reconhecem como unidades de resistência africana no Brasil. Esses coletivos se caracterizam pela manutenção de um contínuo civilizatório africano no Brasil, constituindo territórios próprios marcados pela vivência comunitária, pelo acolhimento e pela prestação de serviços sociais e são uma importante referência de africanidade na sociedade brasileira.
Entre os séculos XVI e XIX, o Brasil
recebeu aproximadamente cinco milhões de africanos e africanas na
condição de homens e mulheres escravizados. Eles trouxeram para o país
mais que sua força de trabalho, trouxeram tecnologias agrícolas e de
mineração, suas culturas, saberes, tradições e valores civilizatórios.
Esses povos são originários de diversas
regiões do continente africano que compreende atualmente os países de
Angola, Congo, Moçambique, Benin, Togo, Gana, Guiné, Nigéria, Senegal,
dentre outros. Esses africanos e africanas, a despeito de toda a
violência do sistema escravista e do racismo pós-abolição, mantiveram
vivas suas tradições e práticas culturais.
Três grandes matrizes culturais –
Yorùbá, Bantu e Ewé Fon – conseguiram preservar muito de suas
cosmovisões e saberes tornando-os marcas indeléveis na história e no
modo de ser e viver brasileiros. Essas matrizes culturais se
re-elaboraram dando origem a territórios tradicionais, com diversas
denominações, de norte a sul do país.
O Governo brasileiro, desde 2003,
trouxe para a agenda política do Estado as pautas do combate ao racismo,
promoção da igualdade racial e desenvolvimento sustentável dos povos e
comunidades tradicionais. Nesse contexto, ações específicas e
coordenadas começaram a se efetivar, e culminaram, em janeiro de 2013,
no lançamento do I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana. O Plano é um
instrumento de coordenação e planejamento das ações do Governo Federal e
foi elaborado sob a coordenação da SEPPIR em parceria com mais dez
órgãos federais. O quadro de iniciativas e metas contém três eixos
estratégicos: (i) Garantia de Direitos, (ii) Territorialidade e Cultura e
(iii) Inclusão Social e Desenvolvimento Sustentável. Esses eixos estão
organizados num total de 10 (dez) objetivos, 19 (dezenove) iniciativas e
56 (cinqüenta e seis) metas.
Valorização da ancestralidade africana e fortalecimento institucional
A maioria das iniciativas assumidas
pela SEPPIR no I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos
e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana diz respeito à
valorização da ancestralidade africana e ao apoio ao fortalecimento
institucional dos grupos representantivos desses povos. A valorização da
ancestralidade se materializa através de campanhas informativas, de
combate ao racismo institucional e capacitação de operadores do direito
para trabalharem em defesa dos povos tradicionais de matriz africana. Já
o fortalecimento institucional é promovido através de instrumentos que
qualifiquem o diálogo do Estado com esses povos, como capacitações em
elaboração de projetos, seleção pública de projetos apresentados por
instituições representativas desses povos e comunidades para capacitação
em legislações, gestão de associações, intercâmbio e fortalecimento
cultural, entre outras.
Ação de Distribuição de Alimentos para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana – ADA
A Ação de Distribuição de Alimentos
para Grupos Populacionais Específicos – ADA, criada em 2003, é uma ação
emergencial e complementar de enfrentamento a insegurança alimentar e
nutricional. Os povos e comunidades tradicionais de matriz africana
foram inseridos entre os grupos beneficiários da ação no ano de 2005.
Esta ação é coordenada pelo Ministério
de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS em parceria com a
Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB e a SEPPIR. Para 2013, a
meta é distribuir 83.400 cestas de alimentos beneficiando um total de
14.000 famílias. A SEPPIR, atualmente, repassa recursos financeiros para
a CONAB garantir a embalagem e o transporte das cestas.
No ano de 2012, visando assegurar uma
maior efetividade e transparência à ADA, foram formados Comitês Gestores
Estaduais – CGMAF em 21 estados e no distrito federal. Os Comitês devem
representar a diversidade das matrizes africanas e garantir a
transparência no processo de distribuição das cestas alimentares.
Entre as atribuições do CGMAF, está a
indicação das casas e famílias beneficiárias da ação para a SEPPIR. O
Comitê deverá prestar contas das cestas distribuídas, além de contribuir
para a implementação e monitoramento do I Plano Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos Tradicionais de Matriz Africana e
do Plano Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Seguem abaixo informações sobre os Comitês Gestores.
Telefones de contato: (61) 2025-7100 ou 2025-7165.
CONTATO DOS COMITÊS GESTORES ESTADUAIS DA AÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS - CGMAF
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