Mais uma da série a série, faça alguma coisa pelo ASA ABERTA.


Mais uma da série a série, faça alguma coisa pelo ASA ABERTA.


ASA ABERTA

Se hoje o modelo de ensino da moda é o ensino integrado, o ASA ABERTA já oferecia essa modalidade na década de 80/90, que na metade dos anos noventa foi desativado.

Chegaram outros governos que não acompanharam o mesmo raciocínio de desenvolvimento da juventude e de um dia para o outro, as atividades do centro foi extinta, os jovens da época que passavam o dia, chegando ate a noite, ficaram desamparados foram deixados de lado. Muitos procuram outros lugares que ofereciam oportunidades de desenvolvimento pessoal, mas para uma minoria o caminho foi outro.

Nos anos 80, tudo funcionava perfeitamente, peças teatrais; um biblioteca recheada de livros que tinha duas senhoras que não recordo o nome; uma das vezes que ficava esperando merenda da dona Raimunda la vinha a quela senhora negra de sorriso fácil e cativante me puxando pelos braços para me fazer lê, chagava assim sem falar nada e, me dizia uma única coisa – Toma senta ai e lê esse livro, acredito que valeu pois foi dai o gosto pela leitura e o motivo que continuo gritando pois sei que uma educação é bem melhor que a repressão.

salão com palco

De outro lado na sala de esporte o professores Benê e café sempre tinha uma bola a oferecer pra molecada toda descamisada e cheirando a mijo, muitos acordavam e sem tomar banho já estavam na porta da sala de esporte esperando o professor da uma bola seja de futebol, basquete para jogar.

Quando chegava perto do meio dia a dona Raimunda convocava a molecada para se deliciar de um feijão com peixe ou carne assada de panela, ela sabia o nome de cada moleque que dava trabalho, sabe o que ela fazia? Apoś as perfeiçoes sempre sobrava uma panela surja, pois ela chamava os “danados” como eu (Rs Rs) e dizia – “toma lava essa panela que eu te dou repitota”, muitos como eu chegava a levar para casa, pois muitos como eu não tinha uma boa alimentação diária – valeu dona Raimunda, e quero fazer esse registro que tempos depois disso fui chefe de escoteiro de duas de suas filhas nas quais com muito privilegio eu disse a elas – sua mãe matou minha fome quando eu não tinha o que comer – sou muito sentimental e quando torno a escrever sobre esse período de minha vida me vem logo o choro, as vezes eu evito de passar na frente do asa aberta pelo fato de todas as vezes se acometido de um sentimento de perca!!!

São muitas as pessoas que gostaria de citar nesse breve e emocionado relato, no entanto, eu era muito jovem quando vivi isso e só falo dos professores que lhe davam diretamente com a minha rebeldia, não com exclusão sim me mostrando o caminho certo; pois eu era muito brigão e na maioria das vezes eu brigava porque me chamavam de macaco, esses adjetivos que eram muitos dado a pretos periféricos, sabe aquela senhora negra da biblioteca? Poise, talvez ela nem lembre de mim, ela reside no bairro do laguino de frente do Ministério Publico Federal, sabe que acredito que tem os seus 80 anos e a “danada”, não para de estudar? Na sua família tem negros doutores, e depois de muito tempo descobrir que é tia de uma grande amiga minha Rivanda Lina – brava, e linha dura igual a tia.
Onde Funcionava a Biblioteca

Todo inicio de mês as famílias cadastradas recebiam cestas básicas que de básica não tinha nada: um fardo de charque ou jaba, feijão, arroz, açucara, farinha, macarrão, leite “peidão” - só esse que não era muito bom, eram preciso dois ou três para carregar, essas cestas quem entregava eram funcionários da LBA. Havia uma sala de atendimento das gravidas hoje chamado pré natal, vacinação, acompanhamento das gravidas do bairro e quem quisesse chegar.

Espaço de atendimento médico


As atividades iniciavam cedo, as 6 da manha o campo de futebol já estava lotado, o professor Fernando quando chegou no bairro do pacoval juntamente com o professor Dario utilizavam o centro como um anexo da escola Deusolina Salles farias, como visualizaram a estrutura do asa aberta; já estava entrando em processo de abandono, fizeram uma seleção dos alunos na escola, na maioria jovens que estavam em faixa etária de 13 aos 18 anos, ofereceram; basquete, handebol, voleibol, atletismo, futebol, e não é que ate ginastica artística eles deram!?

Quadra poliesportiva

Passaram de sala em sala da escola Deusolina apresentando a proposta e, novamente o asa aberta esta lotado de jovens que queriam algo para não ficar de “bobeira” nos horários extra classe o resultado desse esforço coletivo, tanto dos professores Fernando e Dario e da direção do Deusolina, foi os ótimos resultados obtidos nos jogos escolares de 90 a 99, sempre no primeiro lugar chegando a desbancar colégios do centro da cidade como IETA,CCA, GM, TIRADENTES, BARROSO TOSTES. Um dos fatos que posso relatar como testemunho ocular, foi uma gincana que ganhamos em plena praça zaguri, a única escola periférica a conquistar uma gincana e justamente uma escola da periferia onde quase nada de politicas publicas chaga, opá que dizer a batida policial tem a todo momento.

Campo do asa aberta


Fiz esse texto me utilizando de lembranças que escrevi a muito tempo. E foi escrito num dia em que pedir um primo meu que vivenciava isso diariamente ao meu lado, o Ronaldo era bom de bola, negro todo musculoso estilo bombado eramos parceiros um do outro. Depois que as atividades acabaram, eu fui para o movimento escoteiro ele ainda chegou a me acompanhar eu ficava nessa de estudar e sai em festa em festa para dançar, passei a bebe, fumar, me meter em briga, essas coisas de moleque desocupado, e se não tivesse parado para pensar eu teria ido por uma caminho que me levaria para o cemitério ou para a prisão. Infelizmente a maioria foi deixado de lado e pelos homens da lei foram visto como marginais e desocupados o asa aberta recebeu uma companhia de policiamento comunitário e quando queríamos jogar basquete por exemplo, dependeria do humor da guarnição que estivesse no momento, e, resumo, o Bola, Pé Rachado morreram esfaqueados o Ronaldo o Marlon Levaram Tiros na cabeças pobres coitados e de uma ora para outra as baixadas do bairro do pacoval recebiam diariamente batidas policiais em busca de boca de fumo.

Esse é a lembrança dos tempos bons do ASA aberta que agoniza mas não morre e relato de um sobrevivente João Ataíde, licenciado em história, pós graduado em historia indígena e africana, casado pai de três filhos, residente no bairro do pacoval lugar não plantei o meu umbigo mas foi onde eu me criei, que a anos conta a mesma história e pede por revitalização do ASA ABERTA



sobrou apenas a quadra de basquete e uma bola

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