Na manhã do dia 27 de Abril, o grupo do Brasil que é composto por:
Denise Viola (Coordenadora da Amarc Brasil “Associação Mundial de Rádio
Comunitária”), Ligia Apel (Representante da rede de Mulheres da Amarc e
integrante do conselho politico da associação), Dilly e Jaque
(Jornalistas da Pulsar Brasil), especificamente Joseane Calazans,
Geovana Ramos, Suelane Barros, Elis Lucien, João Ataide, Eduardo
Henrique, Jonas Duarte, falaram sobre suas experiências quando
conheceram e como o projeto chegou até eles (as), sobre a visão ampla e
relataram também que o projeto serviu como uma ferramenta para falar
sobre suas historias, lutas, concretizações, povos, comunidades e etc…
Foi um momento bem oportuno que conhecemos a cultura e trabalho de cada um em suas respectivas cidades e comunidades.
Sol forte, calor úmido e o canto dos pássaros
que rondavam a hortinha medicinal da escola José Bonifácio, no Quilombo
do Curiaú, em Macapá, no Amapá, foi o cenário inicial do primeiro
encontro do projeto Mídia dos Povos em 2016. O tema: apropriação
tecnológica para rádio comunitárias e livres. Os cerca de vinte
inscritos, alguns moradores, outros vindos de outros estados, traziam
muita curiosidade a respeito da dinâmica necessária para montar uma
rádio na comunidade onde vivem, além da vontade de compartilhar suas
próprias vivências.
A ideia do projeto é promover encontros dialógicos no
sentido de não traçar distâncias e impor papéis marcados entre quem
ensina e quem aprende. Por isso, todos os participantes selecionados
tiveram a oportunidade de oferecer uma roda de conversa, oficina ou
qualquer outro tipo de dinâmica para compartilhar seus conhecimentos. Da
mesma forma, apesar de um objetivo final, que era a transmissão
coletiva de um programa de rádio, a programação do encontro estava
aberta a mudanças de acordo com as necessidades geradas durante o
processo.
No primeiro dia foram realizadas dinâmicas para que
todos se conhecessem melhor. Depois de uma conversa em pares, cada par
se apresentou como se fosse o outro que acabou de conhecer. Afrouxando a
timidez dos primeiros minutos, seguimos como uma breve explanação do
projeto e espaço para tirar dúvidas a respeito do que se seguiria. Como o
tema norteador do encontro era apropriação tecnológica, havia grande
expectativa a respeito da construção de um mini-transmissor de rádio,
oficina que seria facilitada por Sérgio Luis, mais conhecido como
Serginho, integrante das rádios Xibé e Voz da Ilha, em Tefé no Amazonas.
Essa proposta nos trouxe o primeiro desafio: todo
material trazido por Serginho havia sido barrado pela Polícia Federal já
no embarque no aeroporto de Tefé. Foi assim que ele, junto do produtor
local do encontro, João Ataíde, tiveram que se aventurar pelas lojas de
material eletrônico de Macapá. A garimpagem foi árdua, mas um encontro
fortuito possibilitou a montagem do mini-transmissor e trouxe a parceria
de Morais, técnico em eletrônica que acabou por formar uma parceria com
o grupo.
Um dos participantes vindo do Rio de Janeiro, Thiago
Novaes, que há anos atua junto de um coletivo de rádio livre, se propôs a
falar sobre a história do rádio. Thiago destacou etapas desde a
invenção do mesmo, passando pelo poder indiscutível como instrumento de
guerra (nazismo), até o controle do Estado. Comentou sobre a Declaração
dos Direitos Humanos e Pacto de San Jose da Costa Rica e a contradição
do estado brasileiro em ser signatário destes documentos mundiais e
coibir e manter o controle do uso do espectro em relação à população.
A
coordenadora pedagógica do projeto que atualmente mora em Parnaíba, no
Piauí, Ligia Apel, nos trouxe uma reflexão acerca da conceituação da
comunicação. Ela destacou a importância de superarmos o conceito linear
que separa emissores de receptores para um entendimento circular da
comunicação, onde as mensagens não circulam em apenas um sentido,
tornando todos os envolvidos receptores e emissores.
O dia se encerrou com uma oficina facilitada por João Ataíde, que abordou a importânciada
comunicação comunitária para políticas afirmativas, principalmente na
perspectiva da luta por igualdade racial. Ele também apresentou um breve
roteiro de programa para que os participantes pudessem esboçar seus
programas, em grupos, a serem apresentados no final do encontro, durante
uma transmissão coletiva
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Segundo dia do encontro
O
segundo de dia em Macapá foi iniciado com uma visita ao Marco Zero, um
monumento que marca a passagem da linha do equador pela cidade, único
local do Brasil atravessado por essa linha. Em seguida, o grupo voltou a
ser reunir na escola do quilombo Curiaú onde o dia foi dedicado as
apresentações das rodas de conversar propostas e apresentadas pelos
participantes. Quem iniciou o debate foi Joseane Calazans que falou sobre a origem
e história da comunidade de Mazagão onde nasceu; Eduardo Enrique, que
veio dos arredores de Santarém, da cidade de Mojuí dos Campos, no Pará,
compartilhou suas experiências sobre rádio comunitária, rádio poste e cultura nordestina; A jovem Luiza Maria de Tefé, no Amazonas nos apresentou o projeto que realiza com mais quatro amigas da escola, o Programa Club Five
iniciado em um projeto realizado nas escolas chamado Comunicar para a
vida. Hoje o programa tem um horário na grade de uma emissora de longo
alcance na cidade; Isis Tatiane da Silva
moradora do Quilombo do Curiaú falou sobre a importância da cultura e
tradição de sua comunidade para manter viva a identidade local; Danilo José Martins Silva, também do Amapá e é presidente da comissão da verdade da escravidão negra da OAB/AP, abordou questões relacionadas ao
negro e a lei penal; a também amapaense Rejane Soares abordou trouxe a
discussão sobre a importância de entender e se apropriar dos mecanismos
da comunicação de massa e de conquistar espaços na mídia comercial;
Thiago Novaes ativista do Rio de Janeiro apresentou o conceito de rádios
livres traçando suas diferenças e semelhanças com as rádios
comunitárias; Bruno de Paula Santos da Silva, do Amapá encerrou o dia falando sobre as influências comerciais e econômicas da comunicação usada como canal de acesso em meio às complexidades regionais.
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Terceiro dia do encontro
Riane
Nascimento trouxe em suas malas, desde de Salvador, seu material
habitual de trabalho: diferentes tipos de gravadores e microfones, cabos
e surpresas. Ela, que trabalha coma captação direta de som para cinema,
se dispôs a dar uma oficina. Mas antes de ir para a técnica propôs uma
sensibilização através de uma dinâmica de escuta: fechar os olhos para
perceber todos os sons do ambiente passam despercebidos quando estamos
envolvidos por outros afazeres.
Partindo para a
técnica, foi possível fazer o manuseio dos equipamentos básicos
necessário para a captação de som. Riane tem experiência dessa atividade
para produtos audiovisuais, mas fez comparações com captação para
rádio, entendendo que por esse meio as imagens são produzidas pelo mente
do ouvinte.
O grupo seguiu para exercícios de captação de áudio realizando
entrevistas, depoimentos e vinhetas dos programas elaborados no primeiro
dia. Logo, Serginho dá início da
oficina de construção de transmissores com a apresentação de suas
experiências de estímulo a apropriação tecnológica na cidade de Tefé e
em comunidades no estado do Amazonas. Fez um apanhado teórico da
capacidade e peças que compõe um mini-transmissor.
Mas foi no espaço de
Dona Rosa, responsável por alimentar todos os participantes durante os
dias de encontro, que começou-se a mexer com soldas e diversas
mini-peças eletrônicas, dando início a semeadura de rádios pelos
quilombos do Macapá.
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Quarta dia de encontro
Na manhã Thiago Novaes ofereceu uma oficina de edição de áudio com o software livre audacity e juntos todos começaram a edição dos materiais captados e gravados no dia anterior para a programação final.
Após o almoço realizamos
uma roda de conversa sobre a formação de uma rede a partir destes
encontros. Eduardo, participante de Mojuí dos Campos, desenhou em um
cartaz o mapa parcial da Amazônia, destacando os municípios onde o
Projeto vai atuar: Macapá, Santarém, Itaituba e Tefé. Foi traçado um
barbante vermelho para destacar a abrangência da rede na Amazônia, o que
deu visibilidade para o alcance da mesma e, com ela, a importância
estratégica de alcançar as diferentes distâncias da região norte.
Durante a conversa,
participantes iniciaram espontaneamente uma avaliação geral do projeto,
com críticas construtivas, sugestões de melhoria para o próximo encontro
e destaque para os pontos positivos.
Assim, todos puderam
retornar para a finalização dos mini-transmissores antes de encerrar o
dia. Mulheres quilombolas se destacaram na tarefa e logo puderam
anunciar serem as primeiras negras quilombolas a construírem
mini-transmissores de rádio no Macapá.
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Quinto dia do encontro
O dia de encerramento
foi um dia de festa. A inauguração da rádio “Vozes do Quilombo,
transmitido na frequência 104,2 FM a partir de um mini-transmissor feito
durante o encontro, se deu ao som de muito batuque e marabaixo, ritmos
tradicionais dos quilombos locais. O programa foi iniciado após o almoço
e reuniu uma diversidade de entrevistados e assuntos com a tônica nas
questões raciais e de gênero, já que a grande maioria do grupo foi
composto por mulheres negras.
Para encerrar o
encontro, embalados pela gengibirra e a voz dos cantos das mulheres e
homens quilombolas (mistura tradicional de cachaça com gengibre) a
apresentação do grupo de marabaixo do Quilombo do Maruanum seguido do
Batuque, ritmo tradicional do quilombo anfitrião, fez com que todos
seguissem rodando, dançando e se espalhando como as ondas rádio,
enquanto a música durasse…
Um dia 16/06 e outro no dia 16/7, exatos um mês de espaço acordamos com a noticia do mesmo fato: A morte de jovens promissores. Ninguém está imune a violência que assola o Amapá, somos todos reféns, não estamos seguro em nenhum lugar, mesmo dentro de casa, estamos entre grades e não sabemos se amanhecemos no ceio de nossos familiares. foto:http://g1.globo.com No mês de junho, uma moça dançarina de quadrilha junina Carla Renata Souza Santos, de 17 anos, foi morta com golpes de faca durante um assalto na noite de sexta-feira (16) no bairro Jesus de Nazaré a poucos metros de sua residencia, a mesma saia do ensaio e perdeu sua vida por conta de um celular. Na noite de ontem um jovem de 28 anos publicitário e um grande dançarino reconhecido, perdeu sua vida, os modos operantes são os mesmos. Isso mostra que tem muita coisa errada e que as politicas implantada não está funcionando. foto http://selesnafes.com Em relato ao fato acontecido nesse domingo 16/07, o pu...
foto Bianca Andrade Ao acompanhar sua sobrinha que estava com a filha sendo atendida no Pronto de Atendimento Infantil – PAI/AP, a deputada estadual Cristina Almeida (PSB) foi surpreendida na manhã desta terça-feira, 11, por comentários preconceituosos e racistas deferidos por um vigilante que prestava serviço naquela unidade, chamando-a, dentre vários insultos, de “preta macumbeira”. Diante do fato, Cristina Almeida prestou queixa na administração do PAI, bem como registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na 6ª Delegacia de Polícia, localizada em Macapá. “ Não é a primeira vez que cenas dessa natureza acontecem, as humilhações e ofensas recorrentes devem ser combatidas com rigor, pois fere a liberdade e a dignidade humana. Não posso fingir que nada aconteceu, não falo somente por ser uma parlamentar, exijo respeito como cidadã. Tive de esperar mais de 2h para saber o nome do vigilante, momento em que a direção do hospital me recebeu e iniciou um processo adminis...
Igreja da Vila quilombola de Cunani Calçoene De inicio as terras amapaenses não tinham atividades agrícolas que dessem interesse aos colonizadores portugueses, como a produção de cana – de – açúcar, além de não encontrarem o tão sonhado ouro. Dessa forma, a atividade econômica foi direcionada a exploração dos produtos da floresta, denominados drogas do sertão: frutas, raízes, sementes utilizados como medicamentos, temperos, e conservantes de alimentos como: urucum, canela, cravo, óleos de copaíba, de tartaruga entre outros. Essas atividades eram praticadas em grande parte por indígenas da ragião, dessa forma a presença de negros para a região não era em grande quantidade. Ao longo dessa questão vários pesquisadores foram a fundo na chegada do elemento negro por essas bandas, a primeira leva de negros no Amapá (terras tucujus) ocorreu em 1749, quando um grupo de negros fugidos de Belém, fundaram um povoados doravante conhecido como quilombo às margem do Rio Anauerapucu,...
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