ALFORRIA AMAPÁ
Alforria Amapá
Ano 1- numero 1 – jornal que fala de ações afirmativas para
o estado do Amapá. Macapá – AP, janeiro/fevereiro – 2015.
A modelagem da história do carnaval.
Os acontecimentos
históricos de cada região caracterizam o carnaval de cada lugar. Na Bahia e Rio
de janeiro, o carnaval é diferente a forma de festa, mas porque¿.
Em 1908 foi à chegada da família real, por um
acidente de percurso a chegada no Rio de janeiro foi como o planejado já, na
terra de todos os santos não foi assim. Acontece que nesses dois episódios,
existia um ator coadjuvante: o Negro; que de dentro das senzalas acompanhava
todo esse cenário carregado de riqueza e luxaria; e se tratando de carnaval
brasileiro, logo em 1870 com a forte influencia do teatro de revista a coisa
logo passa por uma apuração, de uma forma de protesto genuinamente brasileira,
ou seja, o carnaval com uma dinâmica que só vemos em solo tupiniquins.
Acompanhe o raciocínio – desembarque da família real, teatro; e o negro dentro
das senzalas –
Os arautos e brasões anunciando a chegada de um rei
e uma rainha; e toda uma nobreza que incluía os serviçais, degredados sem
função, que logo se integrariam ao novo cotidiano brasileiro. Nessa chegada, o
cativo amontoado nas senzalas, que ficavam espalhadas as “margens” das vias assistindo
toda uma transformação é responsável pela teatralização do carnaval do Rio de
Janeiro, são Paulo, Belém e Macapá; justamente por onde a escravidão foi à base
da economia. Em 1888, com o lento e crescente processo migratório de livres e
alforriados, iorubas, trazem juntamente com fundamentos do candomblé, as
procissões; musicas; cenografias e coreografias, por fim, chegada da família
real – o teatro e o negro – no primeiro grito de liberdade em 1888, o negro que
observou das senzalas, fez o que ate hoje é presente, caracterizou a marca do
carnaval brasileiro – comissão de frente; mestre sala e porta bandeiras,
bateria; alegorias, - isso não faz lembrar algo? Isso é um pouco do contexto do
carnaval que “cada” brincante deveria saber.
Quando uma comunidade
une-se em torno de sua agremiação carnavalesca, faz um investimento coletivo em
educação, saúde e infla estrutura, pois, diante da visibilidade da agremiação
se ganha à massa, atrai os olhares públicos e particulares. Comunidade unida;
comunidade forte, isso o tempo se encarrega de juntar e fortalecer.
João Ataíde
Licenciado em história, pós -
graduado em historia indígena e africana, pesquisador das culturas negras e
contemporâneas.
2 – editorial.
Desde a minha infância, me perguntava quais
as causas do racismo¿ por muito tempo combati o mesmo com violência também, ou
seja, dessa forma sendo eu negro, estava escolhendo três caminhos: matar,
morrer; ou apodrecer numa cela. Eu escolhi outro caminho; estudar e compreender
o mundo em que vivia; como o racismo se processa. E como diz o meu maior
referencial Oliveira Silveira “conhecer a nós mesmo”, e assim se em ponderar
para transmitir a outros o meu entendimento de mundo a qual eu enquanto negro
estou inserido.
O Brasil, ainda na menarca de construção de
uma sociedade igualitária, veio ignorando a diversidade cultural e em especial
o negro, em todas as suas constituições, sempre permanecendo a “margem”, vale
dizer que já nos fecundaram de oito (8) constituições, (1824, 1891, 1934, 1937,
1946, 1967, 1969, 1988), relação à de 88 nós os negros nos tornamos
protagonistas de nossa história, não como o escravizado, sim, como aquele que
lutou pra sai da escravidão. Nosso grito de liberdade surge ainda dentro do
navio negreiro; dor do banzo, açoite e o desentorpecer de um corpo – nosso povo
vem se comunicando faz tempo através dos conhecimentos de nossos velhos Grios;
as rodas de marabaixos e batuques o legado de uma ancestralidade, nos cabe a
nossa geração desvendar os enigmas de guerreiros sepultados com seus conhecimentos.
Enfim a comunicação torna-se a principal ferramenta de libertação do corpo e da
mente; pois a emancipação mental cantada por Bob Marley já começou. A partir da
minha militância no hip hop; operando como gestor na seafro; onde fui assessor
e chefe de gabinete, conselheiro de educação, o que me deu condições e
conhecimento para dividir, e por fim, minha qualificação como licenciado em
história, pós graduado em história indígena e africana me dar condições de formatar
mais um veiculo de comunicação capaz de desvendar as facetas do racismo, o
jornal Alforria Amapá,nasce com esse objetivo. João Ataíde.
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