Introdução a matriz Africana do preconceito racial. Parte1

Introdução a matriz Africana do preconceito racial. Parte1

Isidro Fortunado é africano de Angola, neste contexto, o texto foi direcionado a africanos, porém, ele pode ser perfeitamente inserido a realidade da sociedade brasileira, segregacionista e com a mente cheia de estereótipos no que se refere a população negra.
Salvo alguns pontos bem peculiares das sociedade africanas, o conjunto da obra encaixa-se perfeitamente a sociedade brasileira, sem deixar de lado a polêmica da solidão da mulher negra.
Dizem que a verdade dói, portanto, quem não estiver preparado para ler e já está disposto a não entender a realidade descrita do ponto de vista de um africano ativista, por favor, não leia o texto.
Se poupe!
Nos poupe!

















 Génese do complexo de colonizado nas relações afetivas Africanas
Muito se escuta que no padrão afetivo o homem branco é mais carinhoso mais afetivo e mais romântico com a sua parceira e seus relacionamentos normalmente se arrastam até a velhice, que os brancos são mais fiéis e carinhosos, e na verdade você pode ver isso,na Europa é bem comum você ver casais de mãos dadas, namorando no parque, beijando e mostrando afeto em público, você nota até muita cumplicidade e acho isso bonito.

Já o homem Africano embora seja o detentor de robustez peniana e seja mais interativo sexualmente e registe mais casos de satisfação sexual o homem negro é visto como não sendo romântico e infiel, que esta sempre atrás de novas parceiras e usando e abusando do sexo sem nunca desenvolver fortes laços emocionais com as suas parceiras o que impede de atingir relações duradouras, em público é bem normal você ver casais separados, normalmente homem atrás mulher a frente, casais negros demonstram pouca afetividade em público e quase nunca são vistos envolvidos em ambientes romantizados, a não ser em datas especificas como o tal dia capitalista de “São Valentim” em que se celebra o quanto você pode gastar em nome do amor.
O complexo de inferioridade do homem negro se desflora, quando você vê homens negros com mulheres brancas em público, eles mostram romantismo, demonstram afetividade e cumplicidade e traços de felicidade, eles beijam demonstram carinho sem se importar do local a hora e o publico presente, mas porque isso acontece?
Mas você sabe porquê que isso acontece?

Bem deixa eu explicar para você, o homem negro devido as suas construções mentais históricas passou a ser vitima de um complexo implantado na sua mentalidade coletiva baseado nos estereótipos de beleza Europeus, a ditadura da beleza, quando o homem negro entendeu a assimilação da cultura Europeia ele foi tão bem assimilado que até herdou os gostos afetivos do seu colonizador opressor, esta atmosfera viria a ser densificada através da ditadura da beleza e a concepção de mentalização sobre superioridade da beleza da mulher Europeia sobre as demais mulheres, da mesma forma que o colono desenvolveu pela mulher negra o gosto do sexo exótico através de seus fabulosos atributos, o homem negro também passou a encarar assim a mulher negra reproduzindo o mesmo comportamento do gênero, mulher negra é boa para sexo, mais casar e ter família é com mulher branca Europeia, pois são melhores mães, dedicadas com a família, no entanto esse pensamento faz com que o homem preto negligencie um conjunto agregado de fatores que destroem a psicologia da mulher negra, o estrangulamento de sua auto estima, suprimida pelos valores da ditadura da beleza, e nesta densa atmosfera as mulheres inferiorizadas se preparam para ser mulheres alternativas e não mulheres dignas do amor do homem negro ou Europeu, as mulheres brancas foram desenvolvendo atração pelos homens negros devido a sua robustez física e seus pênis avantajados sendo que estes eram usados como objetos de prazer apenas, uns intitulados de “mandingos” devido a sua robustez física e sua espantosa resistência sexual, assim nasceram os escravos sexuais, e com o tempo os negros devido o seu complexo foram desenvolvendo admiração pelas mulheres brancas que se envolviam sexualmente e isso promovia cada vez mais afastamento de suas mulheres negras e o seu desinteresse por mulheres negras, e quando as mulheres negras se tornaram objetos de estupros consecutivos, seus homens negros não estavam aí para defende-las, a mulher negra perdeu a confiança no seu protetor, no seu guerreiro negro, e com o tempo através da violência e da agressão sexual, elas aprenderam a ser submissas e a amar seus opressores sexuais e seus estupradores, no entanto tudo viria se enraizar no DNA da sociedade colonizada quando a assimilação passou a ser prioridade e a gerar privilégios, quem melhor assimilava passava a ter mais chances de se desenvolver dentro das sociedades e o plano de fundo era a miscigenação, a criação de uma raça híbrida que estaria acima da raça negra e combateria os negros para proteger a sua descendência Europeia, a raça intermédia devido a sua origem seria sempre catapultada como raça média, e socialmente mais aceite que os negros nativos, devido e esta foi a flagrante origem das classes sociais, ela permitiria manter a força de trabalho com um estereotipo racial especifico e a proteção do topo da pirâmide social nas mãos dos negros…Mas estou quase fugindo do assunto deixa voltar!

Bem esta construção mental histórica teve grande impacto na consciência coletiva dos homens negros, sua forma de olhar a mulher negra se alterou para sempre, ele desenvolveu densos complexos psicológicos que atestavam que a mulher negra não era digna de seu afeto, e na realidade na sociedade colonizada uma mulher branca era um símbolo de prestigio para um negro, as ideias de melhoramento de raça foram engodos nos programas de miscigenação em massa, o racismo científico criou provas fraudulentas sobre a inferioridade do homem negro com as demais raças numa tentativa de manter os negros submissos historicamente, moralmente e intelectualmente, afirmando que somente o cruzamento com mulheres brancas e versa garantia o melhoramento de sua descendência arrancando-a da escuridão da imoralidade existencial.

No entanto estas são as causas da falta de romantismo do homem negro e não só, a ditadura de beleza no seu ponto mais alto de terrorismo psicológico drenou a força mental das mulheres negras e num esforço desesperado de agradar os homens negros elas começaram a recorrer a extensões capilares, uso de próteses oculares para clarear seus olhos, e clareamento epiderme de suas peles negras, mulheres negras queriam parecer Europeias e esse movimento até hoje enriquece magnatas da Indústria da Beleza que têm como principal meta manter o padrão de beleza da mulher negra subalternizado, de modos que assegurem o seu criminoso império bilionário baseado no complexo de beleza construído e edificado na consciência coletiva de milhares de mulheres negras no mundo, os homens negros não notam o esforço das suas mulheres negras e pensam se posso ter “duas mulheres Africanas que querem ser Europeias, porque não ter logo uma Europeia e acabar com isso”. É isso que falamos a baixa auto estima das mulheres faz com que elas mesmo compactuem com a sua opressão, a partir da baixa auto estima todas as formas de opressão contra a mulher negra se tornam legítimas, a globalização e seu sistema de criação de mercados de consumo continua a sua guerra silenciosa contra a beleza genuína da mulher negra.

A sexualização e objetificação da mulher negra também é uma ferramenta perigosa a ser explorada pelo mundo Eurocêntrico, a projeção e sexualização da imagem da mulher, em vídeos, em diversos meios de formação de opinião, mostra que por vezes o homem negro somente anda de mão dadas com uma mulher negra e demonstra carinho e afeto em publico se ela for alvo desejo de outros homens, ou estiver dentro do padrão de sexualização pregado pela média, pernas grossas, bunda generosa, lábios formosos, seios fartos, cintura fina etc, este padrão pregado permite não respeitar o padrão de beleza da mulher negra sem pensar somente no sexo é dessa forma que o padrão de beleza da mulher é combatido, através da objetificação e hiper sexualização da grande média.

No entanto podemos claramente ver que se trata de complexo histórico construído e alicerçado em toneladas de preconceito, o homem negro se sente confortável com mulheres brancas em público, adora mostrar afeto em público porque este movimento tem impacto direto na sua autoestima, devido as construções sociais históricas do afeto entre pessoas negras, o homem negro é romântico sim, mas devemos também saber que até o romantismo é produto da autoestima, pessoas sem autoestima não podem ser românticas, infelizmente em sociedades colonizadas ainda existe uma mentalidade densa que instiga os relacionamentos inter-raciais como privilegio racial negro, por isso até hoje os negros sofrem com esse complexo, e isto vem de cima na maior parte dos Países colonizados os negros ligados ao poder político são detentores de mulheres brancas, nos países Africanos colonizados por França, era quase obrigatório um líder Africano ter uma esposa branca, e a ideia de privilegio e subalternização racial prevalece na maior parte das sociedades Africanas colonizadas, uma arquitetura de engenharia racial bem conseguida que as atuais lideranças Africanas, não fazem questão de desconstruir mantendo esta estrutura de engenharia rácica pró-ativa.


~ Isidro Fortunato
Afrocrata/Pensador Africano/Angola
Embaixador PYA/Angola 
Introdução a matriz Africana do preconceito racia


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