Manifesto de indignação contra o desrespeito e desvalorização


 
No Dia Internacional de Combate ao Racismo, movimentos lançam Manifesto de indignação contra o desrespeito e desvalorização

Hoje, Dia Internacional de Combate ao Racismo, instituído pela ONU, nós,  lideranças e representantes de movimentos e comunidades afrodescendentes do Amapá, declaramos indignação com a maneira que este segmento é tratado pelo Governo do Estado, especificamente pela Secretaria de Cultura ( Secult), que ao longo dos meses vem desrespeitando nossas tradições e história, a exemplo dos sucessivos adiamentos do evento Virada Cultural, e da falta de apoio e incentivo para nossas manifestações populares, como Ciclo do Marabaixo e Encontro dos tambores.

Na última semana tomamos conhecimento que a Virada Cultural, fruto de nossos anseios e mobilização, foi mais uma vez adiado, após a responsabilidade da realização ser transferida para a Secult. Foi garantida uma emenda no valor de R$ 1 milhão, que está disponível, porém, devido aos constantes desencontros de informações, e falta de habilidade, foi adiado, sem data para ser executado. Este evento é de grande importância para as comunidades afrodescendentes, atualmente sem espaço para fomentar a cultura e o empreendedorismo, uma vez que nossos festejos tradicionais não recebem incentivo, e quando temos recursos, no caso a emenda, somos ludibriados, e ficamos à mercê da inoperância e falta de respeito.

Os tradicionais Ciclo do Marabaixo e Encontro dos Tambores, que já foram vitrine de nossa cultura, e orgulho de todo o Amapá, não recebem mais investimentos, previstos no orçamento, e estão sujeitos a acabar, enterrando assim uma tradição secular, e marcando o Amapá como um estado sem memória e que não valoriza as tradições.

As famílias e grupos que realizam o Ciclo, mesmo com o prejuízo de 2015, que ainda está pendente, e de 2016, quando não tiveram nem a visita de representantes da Cultura estadual, encaminhou ofícios solicitando apoio ou estrutura, mas até agora, véspera do início dos festejos da Santíssima Trindade e Espírito Santo, não obteve resposta da Secult, que administra orçamento público para a cultura. Na Secretaria de Políticas para Afrodescendentes (Seafro), a justificativa é que o órgão não administra orçamento, e sim, trata de políticas públicas para os povos tradicionais de matriz africana, ou seja, apoia, elabora projetos, incentiva, mas não administra recursos e nem define investimento.

Estas atitudes comprovam o preconceito e desrespeito com que somos tratados. Não investem, e quando temos outros apoiadores, o próprio GEA inviabiliza de forma irresponsável. Não vamos nos calar, e sim nos manifestar contra este homicídio cultural de uma tradição que um dia já foi valorizada. Queremos um esclarecimento por parte dos responsáveis e a volta das nossas manifestações.


Coordenação do Ciclo do Marabaixo e Movimentos Afrodescendentes do Amapá

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