Os Tambores da Bandaia do Criau.



Os tambores são usados, desde os ancestrais da humanidade. Creio que os primeiros tambores fossem troncos ocos de árvores, tocados com as mãos ou galhos. Depois, quando o homem aprendeu a caçar e as peles de animais passaram a ser utilizadas na produção de roupas e outros objetos, percebeu-se que ao esticar uma pele sobre o tronco, o som era produzido mais poderoso. Pela simplicidade de construção e execução, tipos diferentes de tambores existem em praticamente todas as civilizações conhecidas. A variedade de formatos, tamanhos e elementos decorativos depende dos materiais encontrados em cada região e, dizem muito sobre a cultura que os produziu. Mais de onde vem toda essa ancestralidade do curiau ? qual foram os primeiros negros que chegaram, respostas como essas não temos, pois essa possibilidade os colonizadores tiraram, hoje tentamos rescrever através da cultura do tambor.
Os tambores, tanto o de batuque ou do marabaixo, são presentes em todos os atos religiosos das festas religiosas
São típicos nos cultos afro-brasileiros a dança, os tambores, os pontos cantados, o transe e a iniciação dos novatos.

Existe algumas ramificações entre o Nagô de Xambá, Nagô Vodoo, Nagô que toca Cabinda, Nagô que toca Jeje, Nagô que toca Oió. Na verdade são ramificações do nagô que algumas usam atabaques e a maioria tambor de dois lados. No projeto Raiz Cultura em Maringá acabou de chegar um irmão que justamente é ogan de Nagô, ele deve tocar em atabaque, pois a maioria dos que tocam em tambor usam o nome de Alabê ou tamboreiro. Por mais que exista uma semelhança entre os pretos-velhos de nagô, cabinda, angola etc… (Raiz e cultura Brasileira). E qual a ligação desses eventos com o criaú?

Criaú lugar paradisíaco, místico. A vida brota por todos os lados, hoje no curiaú de baixo reacende com sua cultura, num despertar de uma comunidade, essa se entrega entorno do batuque. Alias vale apenas dizer que essa arte se difere do marabaixo em poucos aspectos. Toda essa tradição vem ganhando força e consistência por iniciativas de jovens do lugar, hoje o personagem é pura ancestralidade. Herdeiro da arte de fazer tambor de batuque; seu avô Manoel Cecílio Ramos, tanto fazia, quanto tocava o tambor, mesmo cego desenvolvia a arte com perfeição; a sua avó se chamava Elflasina Cimpliana Ramos; ambos de uma geração que não conheci, O SEU PAI eu o chamava de tio Anduda, CONHECIA AFUNDO A HISTÓRIA do criau, infelizmente tudo foi perdido, não foi feito registro, o que resta, são os fatos transmitidos de forma oral.
O Eduardo da Silva Ramos, desenvolveu a arte de fazer tambor, nesse cenário ele conta que cada madeira dá um som diferente, sendo o mais apreciado por ele o da “macacauba”, facilmente encontrada na região, ela é colhida em forma de tronco e, logo cavada, deixando oco o seu interior, por fora ele é toda planada. Os equipamentos utilizados foram aperfeiçoados para a arte.

Os coros utilizados são dos mais variados, ficando a preferência para o de boi e o de veado mateiro, o pandeiro de acompanhamento segue um outro padrão; de madeira também feito pôr ele, sendo que no batuque não se faz só do “amasso e do macaquito”.
Hoje os tambores, ajudam na renda da casa; um custa entre 500 a 1000 reais e todos são feitos por encomenda.

A cada dia, eu fico convencido, que além de prevalecer o orgulho de ser negro, as particularidades de cada comunidade tem de ser respeitadas. Não adianta tentar implantar marabaixo, numa comunidade que não tem essa afinidade para música, se a sua afinidade é outra, existem comunidades que desenvolve habilidade de fazer louças, culinária etc. assim, fica nítido, que os bando foram divididos entre bantus, benguelas, e nagôs, só temos que descobrir a qual grupos pertencemos.

O Eduardo tem 42 anos, tudo que sabe, ele escutou; não sabe ao certo a qual desses grupos o povo do criaú pertence. O nosso trabalho é, exatamente esse montar a nossa árvore genealógica que um dia nos tiraram.

João Ataíde,

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